Estratégias complexas de publicidade infantil na internet

Espírito Santo - 27/04/2016

Um gigantesco volume de publicidade direcionada à criança, nos mais variados lugares e mídias; estratégias mais complexas de publicidade na internet; e a confusão entre publicidade e informação feita pelos pequenos, foram alguns dos principais pontos expostos pela pesquisa “Publicidade Infantil em Tempos de Convergência”. Realizada pela Universidade Federal do Ceará, pelo Instituto de Cultura e Arte, e pelo Grupo de Pesquisa da Relação Infância, Juventude e Mídia, e em parceria com a Secretaria Nacional do Consumidor do Ministério da Justiça (Senacon/MJ), a pesquisa foi lançada, no dia 12 de abril, em Brasília e está disponível para consulta na internet(external link).

O estudo, coordenado pela professora Inês Vitorino Sampaio, foi realizado com 81 crianças de 9 a 11 anos, em dezembro de 2014, nas cidades de São Paulo, Fortaleza, Brasília, Rio Branco e Porto Alegre, e buscou identificar a compreensão da criança sobre a publicidade, sua percepção das estratégias utilizadas e os impactos no seu bem-estar. A publicação é a primeira análise de caráter público e nacional feita no Brasil englobando estes aspectos.

A partir dos dados obtidos ficou evidente a grande quantidade de publicidade nos ambientes físicos e virtuais que as crianças frequentam. Esse ataque diário provoca, segundo a pesquisa, uma avaliação negativa das crianças em relação aos excessos de publicidade, principalmente quando elas interrompem seus momentos de lazer. Mas muitas vezes, elas não conseguem identificar a mensagem como publicitária.

A dificuldade das crianças em diferenciar publicidade e informação, como a pesquisa constatou, evidencia sua deficiência de julgamento e a necessidade de uma regulamentação da comunicação que se dirige a ela. “O que se tem visto são discursos informativos para promover a compra de determinado produto, fazendo que ocorra uma associação dessas informações aos valores emocionais”, relata a pesquisa.

A promoção de novas experiências e formas de interagir, que a publicidade direcionada para as crianças propõe faz com que as crianças não percebam o conteúdo como uma comunicação mercadológica. “No contextual atual, ela vem buscando ir além do modelo tradicional de anunciar um produto – via outdoors, mídia impressa, TV e rádio – e explorar novas formas de interagir e partilhar experiências com os consumidores, encontrando na internet o ambiente propício para isso”, explica a publicação.

Na internet, a publicidade direcionada à criança tem adquirido formatos complexos e cada vez mais disfarçados nos conteúdos de entretenimento. Muitas das crianças entrevistadas não conseguiram identificar a existência de publicidade em sites de jogos – na forma de anúncios e de advergames – no Facebook, no Instagram, no Whatsapp e em mensagens de texto nos celulares.

A diretora do Instituto Alana e coordenadora do projeto Criança e Consumo participou de um painel durante o lançamento da pesquisa. “A pesquisa está em consonância com diversos papers internacionais e os resultados da voz da criança brasileira são coerentes com o que se estudou fora do país”, analisou Isabella. Participaram também do evento Maria Eugenia Sozio, coordenadora da pesquisa TIC Kids Online; Sandra Martinelli, presidente executiva da Associação Brasileira de Anunciantes (ABA); Alexandre Jobim, da Associação Brasileira da Indústria de Refrigerantes e de Bebidas Não Alcoólicas (ABIR), Aurélio Veiga Rios, Procurador Federal dos Direitos do Cidadão, do Ministério Público Federal.

Na ocasião do lançamento da pesquisa, foi apresentada pela Secretaria Nacional do Consumidor do Ministério da Justiça (Senacon/MJ) o Portal de Defesa do Consumidor, um novo site que reúne orientações aos cidadãos e informações técnicas para profissionais que atuam na área.

Fonte: Instituto Alana/RedeNutri

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