O país vive uma situação alarmante: 52,5% da população adulta está acima do peso e, dessa parcela, 17,9% estão obesos. A pesquisa Vigitel (Vigilância de Fatores de Risco e Proteção para Doenças Crônicas por Inquérito Telefônico), divulgada no último ano pelo Ministério da Saúde, apontou fatores que podem acarretar no surgimento de doenças crônicas e quais medidas podem ser tomadas para minimizar o problema. Dentre eles, o peso dos brasileiros é um dos pontos mais preocupantes pois está diretamente ligado ao surgimento de doenças como hipertensão, diabetes, câncer e doenças cardiovasculares – principais causas de óbito no país.
A pesquisa constatou ao longo de sua duração (2006-2014) que a taxa de pessoas acima do peso cresceu quase 10%. A preocupação com este índice deve-se, sobretudo, ao impacto que uma população obesa traz à saúde pública. Os números também apontaram o perfil do sobrepeso: os homens são os que mais sofrem com o problema, a faixa etária mais atingida está entre 35 e 64 anos e quanto menor a escolaridade, maior o índice.
O aumento do peso dos brasileiros, assim como observado em todo o mundo, está relacionado principalmente aos hábitos da vida moderna: má alimentação, sedentarismo e falta de cuidados com a saúde. Obviamente outros fatores como a genética e problemas de saúde podem facilitar o quadro, porém boa parte dos acompanhados sequer estavam cientes do seu estado nutricional ou de saúde. Muitos participantes deste tipo de pesquisa não têm conhecimento do seu peso, dos seus os níveis de colesterol e, ocasionalmente, descobrem sofrer de diabetes.
Mudar hábitos e adotar uma nova rotina é o caminho para evitar uma perspectiva fatídica: de acordo o Ministério da Saúde, se continuarmos nessa marcha, seremos o país mais obeso do mundo em 15 anos. E essa mudança deve começar desde cedo: “Quando se trata de alimentação adequada é muito mais fácil educar do que reeducar. Ensinar bons hábitos alimentares desde a infância evita diversos problemas decorrentes de problemas como a obesidade.” – alerta a Nutricionista Marcela Herculani da Nova Nutrii.
Fast Food – preferência nacional
Queridinho de boa parcela da população, o consumo de fast foods é um dos responsáveis pelos quilos em excesso na vida de muitos brasileiros: estamos no 4° lugar do ranking mundial de consumidores desta categoria de alimentação, perdendo apenas para Estados Unidos, Japão e China. O grande problema dessa cultura é que o hábito de frequentar praças de alimentação e lanchonetes em geral, devido a praticidade e literalmente a “refeição rápida”, acaba influenciando na educação alimentar de muitas crianças. O passeio de domingo e o cineminha em família muitas vezes resulta no almoço ou jantar regado de frituras e gorduras. Esse comportamento corriqueiro acaba se tornando uma prática comum na rotina de crianças e adolescentes, justamente na fase em que a oferta de alimentos nutritivos e uma dieta equilibrada são essenciais para o desenvolvimento sadio.
Segundo o IBGE, uma em cada três crianças entre 5 e 9 anos está acima do peso ideal. Lidar com este problema desde cedo é fundamental, cerca de 80% das crianças que permanecem com sobrepeso na adolescência, mantêm essa condição na vida adulta – justificando o possível “boom” de adultos com problemas decorrentes da obesidade num futuro próximo. O resultado não se restringe a problemas de saúde como hipertensão e diabetes: lidar com problemas psicológicos e emocionais também são um desafio para essas crianças. Apesar de boa parte da população estar acima do peso, o bullying e outros problemas de convívio social são fatores que podem levar a criança a se isolar e ficar depressiva. A situação ainda é agravada pelo sedentarismo dessa geração criada na frente da TV, smartphones, tablets e vídeo games.
Tanto para crianças quanto para adultos as medidas são equivalentes: adotar uma rotina que inclua uma alimentação saudável e atividade física são os primeiros passos para abandonar esse índice preocupante e conquistar saúde e disposição.
O desafio da alimentação saudável
O imediatismo leva muitas pessoas a encararem dietas radicais e remédios para emagrecer. Porém, esse hábito pode comprometer a saúde e acarretar no temido efeito sanfona – quando a pessoa recupera boa parte – ou até mais – do peso perdido. A justificativa é que, além de retornar aos antigos hábitos logo que se percebe uma mudança na balança, a perda nem sempre é de gordura: “Dietas radicais, com restrição deliberada de determinados alimentos e uso de remédios para emagrecer podem levar a perda de alguns quilos nas primeiras semanas, mas isso são significa que a pessoa esteja ganhando saúde – parte desse “emagrecimento” vem da perda de líquidos e massa magra. Além disso a pessoa pode estar abrindo mão de nutrientes essenciais e colocando a saúde em risco. A reeducação alimentar é o caminho mais seguro para o emagrecimento gradual, seguro e permanente.” – explica a Nutricionista.
O grande perigo das dietas adotadas por conta própria vem escolha errada dos alimentos: a adoção de produtos light pode levar as pessoas ao ledo engano de que estão se alimentando corretamente. O consumo excessivo de alimentos industrializados, carregados de conservantes, sódio e corantes é uma armadilha para a saúde. E essas características também se aplicam à produtos vendidos como “fit”. O desinteresse pelo valor nutricional dos alimentos também favorece essa cultura: a maioria das pessoas em dieta preocupa-se mais com o número total de calorias, ignorando valores nutricionais importantes como a quantidade de proteínas, fibras e outras vitaminas essenciais para a alimentação.
O que temos é a oferta de alimentos zero calorias e zero nutrientes, ou pior: poucas calorias e muitos conservantes e realçadores de sabor – substâncias extremamente prejudiciais à saúde. A popularização de iogurtes e sucos de fruta classificados como light também têm levado pessoas à ingerirem uma quantidade enorme de açúcares ou adoçantes sem se darem conta. No geral, o fenômeno têm afetado a população mais pobre justamente porque os alimentos industrializados são mais baratos, carregados de gorduras e outros elementos que os deixam mais apetitosos – porém com baixíssimo valor nutricional. O grande problema é que a tal “junk food” é relativamente mais barata e prática do que uma alimentação saudável.
Porém, é preciso mudar estes hábitos não somente pela necessidade de emagrecer, mas também pelo impacto que essa alimentação terá sobre a saúde à longo prazo. Comer corretamente é o primeiro passo para mudar uma série de fatores ligados ao bem estar e qualidade de vida.
Fonte: Idec/Portal Novidade