Produtos têm teor de sódio diferente das embalagens

Espírito Santo - 17/07/2014

Produtos têm teor de sódio diferente das embalagens, mostra pesquisa

Resultados demonstram tanto variação para mais quanto para menos

Pesquisa inédita feita pelo Idec (Instituto de Defesa do Consumidor) mostrou que 9,2% dos produtos enviados para análise apresentaram uma variação de sódio diferente do que é informado no rótulo. Todos os produtos integram o acordo voluntário firmado entre Ministério da Saúde e indústria alimentícia para redução dos teores do nutriente. Os resultados demonstram tanto variação para mais quanto para menos, avalia a nutricionista do Idec, Ana Paula Bortoletto. “O número é significativo e mostra a necessidade de se ampliar a fiscalização. Se ocorre com sódio, pode ocorrer também com outros componentes do produto”.

Entre março e abril, foram enviados para análise 291 produtos, de 90 marcas. Do total, 27 apresentaram valores diferentes do informado na embalagem — dez tiveram variação do nutriente superior aos 20% permitidos pela legislação brasileira; e em 17, a concentração identificada no teste foi menor do que a estampada na tabela. “Valores menores que o informado podem até ser considerados como um fator positivo para saúde. Mas esse é um sinal de descontrole e, principalmente, fere o direito do consumidor de ter acesso à informação correta”, afirma Ana Paula.

Em alguns produtos analisados, a diferença é muito significativa. Sete deles apresentaram uma variação da quantidade de sódio superior a 40% daquela informada no rótulo. A análise da salsicha viena Frigor Hans, por exemplo, identificou uma quantidade do nutriente 66,3% maior do que a que havia sido informada no rótulo.

Para Rui Povoa, da diretor da Sociedade de Cardiologia de São Paulo, "diferenças como essas podem comprometer um plano alimentar".

Nutricionistas baseiam-se nas tabelas para formar as dietas. O consumo excessivo do sal é considerado como fator de risco para hipertensão, doença que, por sua vez, pode levar a problemas cardíacos, distúrbios renais e circulatórios. A Organização Mundial da Saúde recomenda ingestão de, no máximo, 6 gramas diárias do nutriente — o equivalente a 2,4 gramas de sódio.

No entanto, Povoa avisa que "o brasileiro consome o dobro". “E boa parte dessa ingestão é proveniente de produtos industrializados”. O ideal, assegura, é fazer uma dieta com frutas, verduras, carnes magras e poucos alimentos industrializados. “Como o sódio é conservante, ele muitas vezes é usado em produtos que nem imaginamos. Não adianta só fugir de comidas consideradas salgadas. Muitas vezes produtos com sabor adocicado têm teor significativo do nutriente”, afirma.

Variação- A Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) determina que embalagens de produtos alimentícios tragam a tabela nutricional. Ela permite, no entanto, uma variação de 20% a mais ou para menos nas informações da rotulagem. Essa flexibilidade é adotada para compensar eventuais diferenças nos métodos usados para fazer a análise do conteúdo nutricional, para reduzir o impacto provocado por questões climáticas, armazenamento e tempo de vida do produto.

A nutricionista do Idec diz que "não é necessária tamanha margem". “Essa permissão feita pelo Brasil não ocorre, por exemplo, nos Estados Unidos. Eles não permitem a tolerância nos valores”, ressalta.

A gerente de produtos especiais da Anvisa, Antônia Aquino, afirma não haver nenhuma indicação de mudança na tolerância desse porcentual. A agência tem um programa para monitorar a quantidade de sódio de diversas categorias de alimentos. Quando diferenças são encontradas, afirma Aquino, empresas são notificadas para corrigir as embalagens. De acordo com ela, a Anvisa não recebeu formalmente os resultados do trabalho feito pelo Idec. Mesmo assim, a agência poderá solicitar uma fiscalização para verificar tais incorreções e tomar ações necessárias.


Autor/Fonte: 180 Graus - Tempo Real (Via CFN)

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