Espírito Santo - 29/06/2016
Desenvolver ações para o enfrentamento da obesidade na infância e na adolescência é um grande desafio. Imagine convidar os maiores envolvidos na questão, os jovens, para exporem seus pontos de vista em relação à obesidade, como forma de descobrir como o problema os atinge, e quais são suas propostas de ações para o combate à epidemia que atinge um número cada vez maior de crianças em todo o mundo. Pois é isso que o Reino Unido está fazendo. Lá, uma em cada cinco crianças de 10 a 11 anos de idade está obesa.
Eles reuniram 19 jovens com idades entre 13 e 19 anos, e fizeram uma pesquisa de acompanhamento de mais de 500 crianças para descobrir o “gargalo” do problema do aumento do consumo de alimentos pouco saudáveis, ricos em açúcar, sal e gordura. Desse trabalho, saiu o novo relatório que traça as estratégias de combate à obesidade na infância, publicado pela Royal Society Health Public (RSPH), pelo Youth Health Movement e Slimming World.
Uma das estratégias apontadas, apoiada por três quartos dos pais, é proibir entregas de fast food nas escolas. Outro ponto importante é quanto à rotulagem mais clara, que contenha informações não só para consumo de adultos, e não só por porções, mas sim pelo conteúdo de toda a embalagem.
O levantamento feito com os jovens mostra que quase metade deles (49%) culpa os deliveries de fast food por contribuírem com a obesidade infantil, sendo que 25% diz ter solicitado esses alimentos para viagem para entrega na escola e mais da metade já encomendou por meio de smartphones. Além disso, 42% têm acesso a locais que vendem alimentos não saudáveis a menos de dois minutos, a pé, da escola.
A maioria dos jovens (82%) acha que os fabricantes de alimentos estão enganando as pessoas, quando fornecem as quantidades de gordura, sal e açúcar para porções individuais, em vez de para a totalidade do produto.
No relatório, os jovens identificam uma série de medidas que podem ser tomadas pelos fabricantes de alimentos, varejistas, governo e outros para ajudar no combater à obesidade infantil. Suas recomendações incluem:
- As empresas de fast food deveriam ser proibidas de fazer entregas em escolas (apoiada por 50%);
- As informações nutricionais nas embalagens dos alimentos devem ser fornecidas especificamente para os jovens, não apenas para adultos (apoiada por 87%);
- O número de colheres de chá de açúcar que contém um refrigerante deve ser afixado na embalagem (suportado por 84%);
- A embalagem deve apresentar informação nutricional para todo o produto, e não por porção (apoiado por 82%);
- Supermercados deveriam dar gratuitamente frutas e legumes deformados (que seriam descartados devido à aparência, mas que guardam todo valor nutricional), chamados por eles de “wonky' fruit”, “wonky veggetables”, para as crianças em suas lojas, a fim de limitar o que eles chamam de “Pester Power”, algo como “o poder da birra” (apoiado por 80%);
- Disponibilizar para as crianças e adolescentes um cartão fidelidade que lhe dá pontos para escolhas alimentares saudáveis (apoiado por 78%);
- Posicionar alimentos não saudáveis longe da linha dos olhos das crianças para limitar o poder da birra (apoiado por 53%);
- Classificar os alimentos conforme a quantidade de gordura, sal ou açúcar, exibindo classificação indicativa de idade, como em filmes (apoiado por 33%);
- Disponibilizar Wi-Fi gratuito em ambientes saudáveis, como parques, e não em restaurantes de fast food (32% disseram ter ido a um fast food especificamente porque eles oferecem acesso Wi-Fi).
Como se pode ver, deixar os jovens participarem das políticas públicas para o combate à obesidade pode ser muito rico. As recomendações, a partir das observações dos jovens e do acompanhamento do comportamento das crianças, são relativamente fáceis de serem aplicadas e podem surtir bons resultados no futuro.
Fonte: Abeso
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