Espírito Santo - 11/10/2017
A crise que atinge a área da saúde no município, estado e governo federal foi tema para o evento "Diálogo entre Nutricionistas", realizado no último dia 3 no Rio de Janeiro e que abriu a programação do mês de outubro do fórum composto pelo CRN-4 (Conselho Regional de Nutricionistas 4ª Região), Sinerj (Sindicato dos Nutricionistas do Rio de Janeiro) e a Anerj (Associação de Nutrição do Estado do Rio de Janeiro).
No fim de setembro, o evento também foi realizado em Volta Redonda para contemplar profissionais do Sul-Fluminense e Médio Paraíba. Na ocasião foram abordados assuntos de interesse da categoria como condições de trabalho, piso salarial, carga horária, aprimoramento profissional e autonomia técnica.
Evento aconteceu em auditório do CRO, no centro do Rio
Com profissionais de rede pública de saúde da capital, região metropolitana e até de Angra dos Reis, o encontro no Rio aconteceu no auditório do CRO (Conselho Regional de Odontologia) e os participantes que puderam falar sobre os problemas enfrentados pela categoria com o cenário atual.
“Só participa de um evento desse quem tem desejo de mudar, de construir algo novo. A discussão sobre a saúde afeta toda a sociedade. Não é uma crise aguda, é um quadro agudo de crise crônica que já vem de muito tempo. Queremos escutar vocês e construir um encaminhamento”, disse o presidente do CRN-4, Leonardo Murad ao abrir o evento.
Nutricionistas da área da saúde pública municipal, estadual e federal trouxeram para o evento os principais problemas enfrentados pela categoria em tempo de crise: falta ou atraso do pagamento, no caso dos que trabalham no estado, jornada de trabalho irregular, quadro de nutricionistas insuficientes, falta de material para trabalhar, entre outras questões.
Funcionária da Prefeitura do Rio no hospital Salgado Filho, no Méier, zona norte da cidade, Marluce Fortunato colocou no evento a atual situação dos profissionais de nutrição na unidade onde trabalha.
“Sofremos o reflexo do processo de desvalorização do profissional. Ao longo do tempo vimos que o profissional da nutrição nunca é contemplado em situações que houve necessidade de ter profissionais a mais. Se ocorrer de o hospital fazer uma contratação de profissional, são sempre médicos ou enfermeiros. Chegou ao ponto de nem pedirmos concursos, mas sim contrato, mas a prefeitura responde que só tem dinheiro para contratar médico”, afirmou Marluce.
O sucateamento do Sistema Único de Saúde (SUS) também provoca outra situação, como lembrou a nutricionista Carolina Fraga, que trabalha na Clínica da Família Helena Besserman, em Rio das Pedras.
“Quem está chegando vê um futuro sem perspectivas de trabalho no SUS. Não é um ‘mercado de trabalho’ atraente e a Clínica da Família faz um trabalho fantástico. Vou mobiliza o máximo de nutricionistas que conseguir porque é importante estarmos juntos para fazermos algo pelos profissionais”, disse Carolina.
Como resultado do debate, com a aprovação de todos os presentes, foi criada a Frente Única de Nutricionistas da Saúde Pública, que já se reúne no próximo dia 24, das 18h30 às 21h no auditório do CRN-4.
“Precisamos de uma estratégia adequada para lidar com essa situação. Temos de ter uma agenda permanente, encaminhando e deliberando ações que possam ampliar nossa capacidade de força para lutar pelos nossos direitos. Se a gente não conseguir fazer mobilização vamos perder forças e seremos poucos”, afirmou o presidente do Sinerj.
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