Frente de Nutricionistas: primeira reunião debate crise e papel do profissional na sociedade

Espírito Santo - 25/10/2017

A crise na saúde pública no Rio de Janeiro nos âmbitos municipal, estadual e federal foi o tema central da primeira reunião da Frente Única de Nutricionistas da Saúde Pública, organizada pelo fórum composto pelo CRN-4 (Conselho Regional de Nutricionistas 4ª Região), Sinerj (Sindicato dos Nutricionistas do Rio de Janeiro) e a Anerj (Associação de Nutrição do Estado do Rio de Janeiro). Para ampliar o debate e a participação de profissionais que atuam em outros setores públicos, o coletivo mudará de nome e provisoriamente foi chamado de Frente Ampliada de Nutricionistas.

Dentro do mote central da reunião, as condições trabalho de nutricionistas dentro dessa conjuntura problemática foram expostas pelas profissionais que participaram. Todos os setores da saúde enfrentam problemas com contingenciamento de verbas e cortes, porém, o relato daquelas que trabalham nos Núcleos de Apoio à Saúde da Família (NASF).

“Os profissionais que atuam nos Nasf estão sentindo mais agudamente do que outros setores. Eles estão sendo atacados concretamente, com salários atrasados, ameaças de demissão, de fechar vagas”, disse Marcelo de Luca, presidente do Sinerj, que ainda tirou dúvidas sobre greve.

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Sofia Yoneda, nutricionista residente em unidade na Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), elogiou o encontro e afirmou que a categoria tem de aproveitar todas as oportunidades para defender a profissão e denunciar problemas.

“Vim pela oportunidade de discutir a conjuntura de agora e por atuar na saúde pública. Não podemos perder a oportunidade de estarmos presentes na defesa por nossa dignidade. É interessante ver o CRN-4, o sindicato e a Anerj juntos, unindo forças. Temo mesmo vocalizar isso pensar juntos. O Crivella (prefeito do Rio) diz que vai abrir 20 Policlínicas, mas não vão ser boas. Tem gente morrendo e vai morrer mais. É indignante, precisamos pautar não só a nutrição, mas as áreas no geral. Me sinto solitária e vejo colegas desiludidos”, desabafou a profissional sobre o atual momento vivido pela categoria.

Profissional do Nasf de Irajá, zona norte do Rio, Evelyn Ferreira Rebello afirmou que estão ocorrendo ameaças de demissões para os profissionais que são contratados temporariamente ou atuam em OS (Organizações de Saúde), que administram unidades. Ela propôs que a categoria deve ser juntar a outros profissionais em momentos como os atuais.

“Se nos juntarmos a outros profissionais conseguimos mais conquistas. Graças a manifestações, clínicas da família não foram fechadas, a prefeitura recuou. Mas falaram que vão diminuir equipes. Faltam insumos e já aconteceram demissões, de agentes comunitários, da área de saúde bucal e do administrativo. Eles não veem nossa importância e se a gente não se mobilizar, seremos dizimados”, alertou Evelyn.

Outra questão abordada na reunião foi o papel do nutricionista na sociedade. Recém-formada, Neide Martins da Silva levantou a questão.

“A população não sabe o nosso papel. Quero mostrar que existimos e o que fazemos”, disse a nutricionista.

Em sua fala, o presidente do CRN-4, Leonardo Murad, afirmou que cabe ao nutricionista se posicionar como profissional da saúde e mostrar sua importância para a sociedade.

“A população não nos conhece porque só aparecemos para a classe A para falarmos de modismos, alimentos da moda. Muitos colegas procuram esse caminho. Mas qual a porcentagem da classe A no Brasil? São 2,5% enquanto as classes D e E são 75%. Estamos falando para quem? Falta a gente se mostrar. Vamos falar da fome que está voltando. Sinto que temos de falar disso porque entendemos. Não somos protagonistas, mas somos atores sim, precisamos ressaltar. Não existe segurança alimentar sem nutrição. Temos de mostrar nossa importância”, concluiu Leonardo.

A próxima reunião da Frente Ampliada de Nutricionistas foi marcada, com consentimento de todos os presentes, para o próximo dia 7, às 18h30, também no auditório do CRN-4.

A possibilidade de as reuniões ocorrerem em um sábado foi discutida no encontro, diante da demanda de alguns profissionais via nossa página no Facebook. No entanto, os presentes julgaram que as reuniões devem ocorrer durante a semana, após o horário comercial.

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