Espírito Santo - 18/10/2017
Em 16 de outubro celebramos o Dia Mundial da Alimentação, que teve como tema proposto pela Organização das Nações Unidas para a Alimentação e Agricultura (FAO) neste ano “Mude o futuro da migração. Investir na segurança alimentar e no desenvolvimento rural”.
“O mundo está em constante movimento. Hoje e devido ao aumento de conflitos e instabilidade política, foram forçadas a fugir de suas casas mais pessoas do que em qualquer momento desde a Segunda Guerra Mundial. No entanto, a fome, a pobreza e um aumento de eventos climáticos extremos relacionados às mudanças climáticas são outros fatores importantes que contribuem para o desafio de migração”, diz o documento da FAO sobre o assunto.
A nutricionista Vanessa Schotz, professora da UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro), membro do Conselho Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional e integrante da coordenação do Fórum Brasileiro de Soberania e Segurança Alimentar e Nutricional explicou sobre a importância do tema proposto pelo organismo internacional.
“Estudos que a FAO apresenta mostram que boa parte dessa população migrante está em situação de insegurança nutricional. A ideia é chamar atenção para pensar estratégias que garantam o direito humano à alimentação”, afirmou a nutricionista.
Parte dessa população deixa a zona rural pelas condições precárias de vida, decorrentes da ausência de políticas públicas que garantam o direito dessas pessoas, explica Vanessa.
“Há um grande volume de pequenos agricultores no mundo fazendo essa migração porque enfrentam muita dificuldade de permanecer no campo produzindo alimentos. Por isso é importante criar mecanismos de desenvolvimento rural que possam assegurar condições de permanência dessa população no campo”, diz a profissional.
Vanessa argumenta que, garantindo a segurança nutricional dessa população rural, o conceito de agricultura familiar e a produção de alimentos a toda sociedade ficam protegidos.
“Há muito tempo a FAO chama atenção para a importância para essa questão. No Brasil temos o lema que veio da Conferência de Segurança Alimentar que é 'Comida de verdade, no campo e na cidade’”, disse a nutricionista.
Políticas públicas voltadas a essas populações têm que se garantir o direito à moradia, a decidir o que e como plantar, acesso a formas de financiamento da produção e acesso aos meios de produção como terra, água e sementes.
Fome
Vanessa lembra que dados recentes divulgados pela FAO apontam que a fome no mundo voltou a crescer depois de anos em queda. São 815 milhões de famintos.
“Uma reflexão que a FAO faz é que é possível que parte desse crescimento esteja associado às migrações porque no processo de deslocamento forçado elas acabam se encontrando em situação de insegurança alimentar”, explicou a nutricionista.
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